Novo modelo: vendas pela internet

Novo modelo: vendas pela internet

Ricardo Eletro fecha lojas físicas, pede recuperação judicial e cria negócio virtual – Novo modelo: vendas pela internet

‘Decisão complicada, já que o e-commerce envolve credibilidade do cliente”, diz Creso Suerdieck

(Foto: Divulgação)

A Máquina de Vendas, dona da marca Ricardo Eletro, pediu recuperação judicial na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo no último dia 7. Todas as lojas da rede serão fechadas.

As dívidas somam R$ 4 bilhões e entre os maiores credores estão o Itaú, Bradesco, Santander e a Whirlpool (dona das marcas Brastemp e Consul).

Além da Ricardo Eletro, a empresa também detém as marcas Lojas Salfer, CityLar, Lojas Insinuante e Eletroshopping no segmento de eletrônicos e eletrodomésticos.

“A Máquina de Vendas entende que está no caminho certo e vê a recuperação judicial (RJ) como um momento transitório na jornada de reconstrução do seu negócio”, diz a empresa.

Vendas somente pela internet
Em vídeo, o presidente da companhia, Pedro Bianchi, informou que todas as lojas foram fechadas e que a varejista irá se concentrar em um novo modelo de negócio, baseado numa rede virtual de parceiros e colaboradores.

“Estamos tomando uma decisão corajosa e histórica e vamos fechar todas as lojas físicas e fazer um novo modelo de negócios, vamos democratizar as vendas pela internet”, disse Bianchi.

No novo modelo, totalmente virtual, a Ricardo Eletro espera atrair parceiros e colaboradores, sejam pessoas físicas ou varejistas, para vender seus produtos em canais próprios de internet ou da varejista.

De acordo com Bianchi, já existem dois mil parceiros cadastrados para operar o novo modelo. “Parceiros terão autonomia para negociar preços e condições de pagamento e terão comissões diferenciadas de acordo com o desempenho”, afirmou.

Dessa forma, segundo Bianchi, os colaboradores poderão ganhar duas ou três vezes mais do que ganhavam.

“A ideia é reduzir os custos fixos ao máximo para criar uma rede forte de colaboradores e uma roda de virtude. Hoje nasce o dia da nova Ricardo Eletro”, disse Bianchi.

O executivo prometeu também cortar em mais de 50% o salário da presidência, estabelecer teto salarial para diretores e pagar credores e colaboradores dentro do processo.

Decisão complicada

Creso SuerdieckDe acordo com Creso Suerdieck, especialista em recuperações judiciais, a decisão da Ricardo Eletro de vender apenas virtualmente é complicada para quem está num processo de RJ. “Em determinados setores, como instituições financeiras, construtoras de empreendimentos imobiliários, a sobrevivência numa recuperação judicial é difícil, pois estas empresas vendem credibilidade. Ninguém coloca dinheiro num banco que está sob intervenção do Banco Central nem compra na planta um apartamento de uma empresa nessa situação. Assim também acontece nas vendas pela internet”, afirma.

Segundo ele, a Ricardo Eletro demorou muito para trabalhar com e-commerce. “Então, não tem nenhuma história no novo negócio digital que quer abarcar. As vendas virtuais representavam apenas 10% dos produtos da empresa. Dificilmente, o consumidor vai comprar num lugar que possui pouca estrutura no digital. Portanto, entre escolher Magazine Luiza, Casas Bahia, Extra e Lojas Americanas, o cliente vai cair na que já conhece, pois o e-commerce é um negócio que também envolve credibilidade. Num ramo de varejo isso é fundamental, inclusive o consumidor gosta de conhecer as lojas físicas antes de efetuar uma compra. Sendo assim, acho complicado este passo da Ricardo Eletro, mas estamos torcendo para o sucesso, já que a empresa representa bastante neste nicho de mercado”, avalia Creso.

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