Sindicato cobra protocolos rígidos

Sindicato cobra protocolos rígidos

Sindicato cobra protocolos rígidos para volta ao trabalho nas agências bancárias – Rodada de negociação

Terceira rodada de negociações discutiu o tema ‘saúde e condições de trabalho’

Creso Suerdieck Dourado

(Foto: Divulgação)

O Comando Nacional dos Bancários reuniu-se com representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para a terceira rodada de negociação, discutindo saúde e condições de trabalho. Os trabalhadores reivindicaram melhores condições de trabalho, novas ferramentas de gestão e o fim da pressão para se atingir metas, agravada pela pandemia do coronavírus.

Durante a reunião, os bancários também cobraram testes do Covid para os trabalhadores presenciais; home office para os que tenham contato ou morem com pessoas infectadas e mantenham os protocolos conquistados pelo Comando durante a pandemia, como higienização nas agências, álcool em gel, máscaras e proteção de acrílico e manutenção do grupo de risco em home office.

“Para manter os lucros, os bancos sugeriram em negociação a volta do ranking de produtividade dos trabalhadores, para pressionar os bancários a venda de produtos e serviços. Um absurdo, já que a proibição da publicidade de rankings de produtividade individualizados foi conquistada pelos bancários em 2011. Querem retirar nossos direitos e não há dúvida que a forma de gestão dos bancos adoece a categoria.

A pressão constante para o cumprimento de metas muitas vezes irreais, com uma série de desrespeitos que caracterizam o assédio moral, fazem com que os trabalhadores do setor financeiro estejam entre as principais vítimas de depressão, ansiedade, outros transtornos mentais e físicos”, disse a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional, que representa a categoria na mesa com a Fenaban.

“Também reivindicamos protocolos mais rígidos para a volta dos trabalhadores em home office, atualmente são cerca de 200 mil em todo o país. Temos de ter responsabilidade em manter esses trabalhadores em segurança. Desde o início da pandemia tivemos muitas conquistas e queremos manter diversos itens recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), até porque a pandemia não acabou”.

Entre 2009 a 2018, mais da metade (56%) dos afastamentos de bancários foram reconhecidos como doença do trabalho, sendo as mais comuns: depressão, ansiedade, estresse e as LER/Dort. Sendo que as doenças psicológicas foram progressivamente tornando-se prevalentes, de 2013 em diante passaram a ser maiores que as Ler/Dort.

O aumento na proporção de afastados relacionados a doenças mentais deve-se ao modelo de gestão implementado pelos bancos, que favorece práticas de assédio moral e maior violência psicológica, devido à cobrança de metas abusivas, maior pressão, controle e aumento da competitividade entre seus trabalhadores.

A categoria bancária é uma das que mais adoece no país. De acordo com dados do INSS, entre 2009 e 2013, houve um aumento de 40,4% no total de benefícios concedidos aos bancários, enquanto as demais categorias profissionais o crescimento foi de 26,2%. Segundo o Observatório de Saúde do Trabalhador, do Ministério Público do Trabalho, a incidência das doenças mentais e tendinites entre bancários é no mínimo de 3 a 4 vezes maior que na maioria da população. O que demonstra que o fator trabalho é crucial para essa incidência.

Pesquisa

A Consulta da Campanha Nacional dos Bancários 2020, com a participação de 28.193 bancários e bancárias em todo o Brasil, entre as prioridades apontadas pelos bancários para a Campanha Nacional de 2020, o tema “Saúde e Condições de Trabalho” ganhou destaque: 69% daqueles que responderam a consulta destacaram essa prioridade. Na Consulta, os bancários também apontaram quais os principais impactos da pressão e a excessiva cobrança de metas sofrida por eles nos bancos.

Mais da metade dos respondentes aponta sentir “Cansaço – fadiga constante” (54,1%) e ter “Crises de ansiedade” (51,6%). A “desmotivação e vontade de não ir trabalhar” afeta 42,3% dos consultados e quase 40% declararam “dificuldades para dormir mesmo aos finais de semana”, entre outros problemas apontados pelos bancários no país.

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