Transformação digital – Os 3 Ps de 2021 – Pandemia, Pessoas e Processos

Foto: Divulgação

Especialista fala sobre os aprendizados de 2020 para as empresas e líderes de RH

 

O ano de 2020 foi, desde o seu início, o ano mais desafiador para as empresas e para os profissionais. A pandemia nos últimos mais de 365 dias fez com que o trabalho invadisse os lares, transformando as casas em escritórios – alguns chamam o processo de “home office” e outros se orgulham de afirmar “estarem passando por uma transformação digital”.

 

Mas será que foi isso mesmo que aconteceu?

Segundo Caio Infante, vice-presidente regional (LATAM) da Radancy e um dos co-fundadores da Employer Branding Brasil, ao contrário do que muita gente pensa, as pessoas não estão em primeiro lugar nas empresas. “Infelizmente, se engana quem acha que ter colocado todo mundo em casa para trabalhar de maneira remota conseguiu algo incrível.

 

A saúde mental foi o tema mais falado no último ano por todo mundo, isso porque ninguém estava, de verdade, preparado para trabalhar em casa com a família por perto. Todo mundo se virou sem a devida estrutura, lidando com líderes despreparados e sem horário certo de trabalho, afinal, para a maioria dos gestores, se você está em casa você está disponível. Foram – e ainda estão sendo – vários desafios diários”¸ afirma.

 

Caio Infante é formado em Publicidade e Propaganda pela ESPM com MBA em Gestão Internacional pela University of Technology, na Austrália. Sua carreira profissional foi desenvolvida nas áreas de Negócios de diversas agências de propaganda do Brasil e do exterior. É coordenador geral dos cursos de pós-graduação e extensão do Ibmec/SP e professor da StarSe Gestão Inovadora para RHs.

 

Segundo ele, as organizações também patinaram (e muito) com relação ao quesito “comunicação”. ”O que mais a gente ouvia em 2020 de quem estava trabalhando eram as dúvidas se haveria cortes nas empresas ou se algumas iriam quebrar. As pessoas ficavam literalmente apavoradas quando recebiam ou e-mail com um invite para uma reunião com a chefia já esperando que fosse uma demissão”, lembra Caio.

 

A cultura do medo e da incerteza foi a campeã do último ano e muitos talentos deixaram seus empregos por insegurança ou por falta de informação de como seria o amanhã. “Vimos muitas pessoas focadas em procurar emprego, e não na solução do seu cliente”, revela.

 

Marca empregadora

 

Quando o assunto é “marca empregadora”, o desespero era ainda maior – as empresas, simplesmente, em sua maioria, decidiram não contratar mais ninguém por tempo indeterminado e abrir mão do employer branding. Para Caio, ficou escancarada a falta de preparo e de estratégia das empresas quando assunto é posicionamento. ”

 

A maior falha das empresas com a loucura da pandemia foi não parar para se questionar o que os seus colaboradores disseram (e continuarão dizendo) sobre como foram tratados durante 2020.

 

Será que o que predominou entre eles foi o sentimento de orgulho ou de desespero por parte do empregador? Vimos a febre da cadeira do escritório sendo enviada para a casa dos colaboradores e dos happy hours online – nem tão happy assim, com uma aula de yoga no meio para descontrair, mas ninguém (ou quase ninguém) perguntando o que as pessoas realmente queriam, como elas estavam se sentindo e o que realmente lhes tirava o sono”. Para Caio, não houve preocupação genuína com a saúde mental e física da maioria das pessoas, muito menos com relação a sua família e filhos.

 

O futuro chegou com a virada do ano, a pandemia não acabou e a pergunta que ficou foi: quais foram, realmente, as lições aprendidas por parte das empresas e de seus colaboradores? Com o passar do tempo, algumas empresas retornaram ao escritório físico, mesmo sem perguntar (de novo) para os seus colaboradores se aquela era mesmo a melhor opção ou se ele tinha com quem deixar o filho, já que as escolas estavam fechadas, ou se morava com alguém em idade de risco.

 

Para Caio, inúmeras vagas remotas com a obrigação de ir para o escritório pelo menos duas vezes por semana se tornaram o “hit” do último Verão. “Mesmo com tudo o que aconteceu, parece que as empresas ainda não entenderam que o que realmente importa são as pessoas… São elas que produzem, vendem, entregam, comunicam… E se elas não estiverem sendo bem cuidadas, com certeza, o impacto para o negócio é imediato.

 

Receitas que desabam, clientes que se vão, talentos que se mudam… E se a gente recortar por gênero, então, o estrago é muito maior, infelizmente”, afirma Caio. “Eu poderia trazer outros Ps aqui além dos citados anteriormente, como Propósito, Procrastinação, Políticas, mas os 3 já são suficientes para levantar algumas reflexões importantes. Em meio a tantos acertos e erros, como se comportariam as empresas nesta mesma crise há 15 ou 20 anos, sem ter a tecnologia como aliada? Talvez muitas marcas nem estariam mais aqui para contar história”, finaliza.

 

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