“Jogada estratégica”, diz Creso

“Jogada estratégica”, diz Creso Suerdieck

B2W e Lojas Americanas: fusão inteligente dos principais acionistas
Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira continuam no controle das companhias
Foto: Divulgação/Lojas Americanas e Divulgação/Creso Suerdieck

 

A fusão entre as gigantes do comércio eletrônico B2W e Lojas Americanas resultou em um comportamento antagônico das ações das empresas envolvidas. Enquanto a ação ordinária da B2W disparou 6,18%, liderando as altas do Ibovespa, o papel preferencial das Lojas Americanas recuou 1,46%.

De acordo com Creso Suerdieck, especialista em fusões e aquisições de empresas, a fusão foi uma jogada estratégica dos principais acionistas.

 

” Eles são os acionistas majoritários das duas empresas. Quem não ficará muito feliz com isso são os minoritários, tanto que as ações da B2W cresceram e as da Americanas caíram. Porém, o consumidor não sentirá essa diferença “, avalia o analista.

 

 

Para o analista da Guide Investimentos, Luis Sales, a combinação operacional das duas empresas, com a cisão parcial dos ativos da Lojas Americanas a serem incorporados pela B2W é positiva. Por isso, a operação deve ser bem vista pelo mercado financeiro, embora ainda seja necessário um tempo hábil para que as mudanças operacionais efetivamente aconteçam.

“A reestruturação do grupo é aguardada há algum tempo em função dos ganhos operacionais, principalmente em termos de unificação da estratégia e da tomada de decisão e além dos ganhos com a multicanalidade, grande diferencial da concorrente Magazine Luiza”, explica. Além disso, Sales acrescenta que a B2W possui cerca de R$ 6,2 bilhões em créditos fiscais e tributários, que podem vir a ser utilizados mais rapidamente.

Na mesma linha, a equipe de analistas da Genial Investimentos vê a fusão como “extremamente positiva”. “A unificação do capital de giro, estratégia comercial e base de dados entre as companhias gerará ganhos de eficiência operacional”, afirma. “A união das companhias irá retirar fricções no processo de M&A [fusão e aquisição], e podem haver outros ganhos em termos de serviço, tanto para os sellers [fornecedores] quanto para consumidores”, avalia a Genial.

Termos da operação

Os termos da operação foram uma surpresa. Isso porque, em vez de se tornar uma “corporation”, ou seja, uma companhia com capital difuso, sem controle definido (e que, do ponto de vista da governança, é considerada mais independente), a Lojas Americanas seguirá sendo uma companhia com dono.
Ou seja, o famoso trio de acionistas de referência da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, não deixará de ter o controle após a fusão das companhias. A operação complexa para manter esse controle, aliás, é um dos motivos de ressalva de analistas – e que também leva a uma forte disparidade do desempenho dos ativos envolvidos.
A mudança na estrutura acontecerá da seguinte forma: a Americanas fará a cisão de suas 1.700 lojas físicas e da fatia na Ame Digital. O valor dessa parcela cindida vale, pelo menos, R$ 6,27 bilhões.
Essas operações serão vendidas para a B2W, que será chamada posteriormente de Americanas, cujas ações serão negociadas com o ticker AMER3. A Lojas Americanas, mesmo sem os ativos, seguirá sendo negociada na B3 com os tickers LAME3 e LAME4, sendo um “veículo de investimento” dos acionistas.

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