Iniciado em 2013

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Grupo Peixoto de Castro encerra seu processo de recuperação judicial

“É uma boa notícia para o mercado”, avalia Creso Suerdieck

Creso Suerdieck DouradoA GMC Participações encerrou, no mês passado, o seu processo de recuperação judicial, iniciado em 2013. Auxiliada pela ARM Gestão desde o início do processo e pelos escritórios Antonelli Advogados e Moraes & Savaget Advogados, a holding, que engloba empresas controladas pelo Grupo Peixoto de Castro vendeu ativos, manteve o foco nas operações mais rentáveis e voltou às operações sem a proteção do Judiciário com os mesmos controladores anteriores e com operações mais enxutas.

De acordo com o especialista em recuperações judiciais Creso Suerdieck, é uma boa notícia para o mercado. “Quando uma empresa consegue sair da recuperação judicial, no atual cenário econômico do país, é positivo. Sobre voltar às origens, é algo normal nos grupos econômicos. Recentemente, observamos isso na Odebrecht, que em sua reestruturação também retornou como construtora”, avalia.

A GPC Participações nasceu no fim dos anos 90 como uma holding que agrega as empresas do Grupo Peixoto de Castro. A origem, em 1938, foi a Apolo Tubos, que atua na produção de tubos de aço carbono para construção civil, óleo e gás e outros setores. Já a GPC Química tem suas raízes em 1954 e hoje produz formol e resinas termofixas principalmente para o segmento de painéis de madeira.

Presidente da GPC Participações, da GPC Química e da Apolo Tubos, Rafael Raphael lembra que em 2013, ano do pedido de recuperação, as companhias tinham grande alavancagem e pouca geração de caixa operacional. Segundo ele, foi necessária não só a recuperação judicial, mas também o processo de reestruturação das operações. “Adotamos diversas medidas no âmbito da recuperação, como intensas reduções de custos, integração das unidades das empresas GPC para capturar sinergias e tornar as empresas mais eficientes. Fizemos desinvestimentos em negócios que não eram alinhados com o ‘core business’”, diz Raphael, lembrando que foi paralisada uma unidade de produção de metanol, que era potencialmente deficitária e que consumia investimentos.

Ao fim da recuperação judicial – o juízo da 7ª Vara Empresarial do Rio decretou a saída da empresa do processo em 12 de novembro – a GPC Participações se mostra mais enxuta e saneada. Se em 2013, ao pedir recuperação, tinha créditos concursais, que não incluem as dívidas tributárias por exemplo, de R$ 275 milhões, hoje tem dívida líquida total de R$ 271 milhões. Para se ter uma ideia, em 2015, quando apresentou preparou um novo plano de recuperação que seria aprovado no ano seguinte, o endividamento líquido era de R$ 527 milhões, cerca de 20 vezes o Ebitda. Hoje, a relação dívida líquida/Ebitda é de 2,1 vezes.

Amin Murad, sócio da ARM Gestão, destaca explica que o processo de recuperação demorou muito em razão da grave crise econômica do país a partir de 2014, somado à burocracia. Ele lembra que o primeiro plano, gestado ainda em 2013, previa a venda de um terreno de 300 mil metros quadrados em Benfica, na zona norte do Rio, às margens da Avenida Brasil. Acontece que, para ser vendido, o terreno deveria ser desmembrado.

Esse processo levou dois anos na prefeitura do Rio. “Quando o terreno foi desmembrado, enfrentamos um mercado absolutamente em depressão, em 2015/2016. Como a empresa havia se recuperado nas operações e havíamos descontinuado negócios que drenavam recursos, fizemos um novo plano, pagando [os créditos aos credores] com o fluxo de caixa da companhia. A venda dos terrenos passou a ser um evento de liquidez para melhorar o atendimento aos credores. Hoje já vendemos dois terrenos”, diz Murad.

Desde então, foram vendidos 70 mil metros quadrados do terreno em Benfica, rendendo até o momento R$ 30 milhões, somados a um outro terreno em Gravataí (RS) que rendeu cerca de R$ 13 milhões. Além disso, a unidade de metanol foi negociada com uma empresa americana por US$ 2,1 milhões.

Hoje, a GPC Participações tem duas unidades da GPC Química, uma em Araucária (PR) e outra em Uberaba (MG), além de uma unidade da Metanor/Copenor em Camaçari (BA). No setor de aço, são duas fábricas, uma no Rio de Janeiro e outra em Lorena (SP). A empresa tem hoje aproximadamente 800 funcionários.

“Hoje temos empresa que fatura R$ 1,5 bilhão [ao ano] e tem todos os problemas de uma empresa normal. Não temos mais os problemas anormais”, frisa Murad. “O projeto era viável e reestruturamos [a empresa] para recuperar empresa e colocá-la numa trajetória de crescimento.”

Dos cerca de 500 credores existentes no início da recuperação, mais de 400 aceitaram se tornar sócios da empresa e, depois da conversão de créditos de R$ 50 milhões em ações, possuem cerca de 6% das ações preferenciais.

 

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