Ricardo Eletro pode vender marca

Ricardo Eletro pode vender marca

Varejista protocola maior plano de recuperação judicial e propõe deságio de 85%

Creso Suerdick Dourado

A Ricardo Eletro, do grupo Máquina de Vendas, estuda vender suas marcas e dois centros de distribuição restantes na busca por recursos para tentar quitar – com desconto de 85% para parte dos credores – a sua dívida de R$ 4 bilhões.

É o que mostra o plano de recuperação judicial protocolado na noite de terça-feira na 1ª Vara de Falência e Recuperações Judiciais da comarca da capital paulista, o maior já elaborado por uma varejista no país.

Segundo o plano, a companhia formará unidades produtivas isoladas (UPIs), para posterior venda, com seus centros de distribuição restantes, em Goiás e no Amazonas. Em agosto, quando entrou com o pedido de recuperação judicial, a empresa informou o fechamento de todas as 320 lojas no país, a demissão de 3,4 mil pessoas, e passou a operar apenas na venda on-line.

O grupo tem 16,6 mil credores, sendo que 95% da dívida (R$ 3,8 bilhões) não tem garantias. Itaú Unibanco, Santander e Bradesco somam quase R$ 470 milhões deste montante. A Geriba Participações, que comprou boa parte das dívidas dos bancos, é a maior credora, com R$ 1,3 bilhão.

Entre as marcas que podem ser negociadas estão Insinuante, Salfer, Eletroshopping e City Lar, e a própria Ricardo Eletro, apurou o Valor. Neste caso, apesar de ser a principal marca do grupo, uma venda é possível, a depender das negociações com os credores, diz uma fonte. Uma decisão nesse sentido, no entanto, ainda não está tomada. A empresa estuda paralelamente, lançar outra marca para a operação on-line. “A criação de uma nova marca não está atrelada à venda de outras. São projetos paralelos”, diz Giovanna Michelletto, diretora jurídica da Ricardo Eletro.

No plano, a rede propõe que os credores com garantia real sejam pagos com um valor excedente, que superar um caixa mínimo de R$ 100 milhões anuais, que ficaria com a empresa. Sobre o valor dos créditos será aplicado um deságio de 85%. O pagamento começaria apenas após a rede quitar, com o excedente do caixa mínimo, os seus “credores estratégicos”, considerados parceiros, que apoiaram as condições do plano.

Já os credores sem garantia real no valor de até R$ 3,5 mil receberão R$ 1,5 mil em até dois anos após a homologação do plano. Para somas acima de R$ 3,5 mil, o pagamento será feito por meio do excedente do caixa mínimo e após o pagamento dos credores estratégicos. O deságio também é de 85%

Aqueles com mais de R$ 3,5 mil a receber que não quiserem ser pagos com o caixa excedente receberiam R$ 1,5 mil em até dois anos. Neste caso, é preciso abrir mão da diferença entre as dívidas.

Sobre o caixa mínimo, de R$ 100 milhões anuais, definidos para a rede operar, Salvatore Milanese, sócio-fundador da Pantalica Partners, assessoria financeira do grupo, diz que “é preciso de algum fôlego para a rede se sustentar”. “Pode não ser uma determinação tão comum nos planos de recuperação, mas é para a sua sobrevivência”.

 

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